Você
está disposto a pagar o preço do sucesso?
Na
última edição da revista Veja, li com interesse a
entrevista do mega empresário de marketing, dono da WPP,
indicada pela revista como a maior empresa de marketing do
mundo. Intrigou-me, especialmente, quando o inglês Martin
Sorrell deu a sua receita para o sucesso.
Disse o
mega empresário inglês que há dois pontos essenciais para o
indivíduo crescer nos negócios hoje em dia. Primeiro, ser
criativo na execução. Os administradores atuais precisam ter
imaginação, não importa qual seja o negócio sendo que
todos os setores estão mais competitivos e os clientes mais
exigentes. As grandes indústrias produzem mais do que
deveriam. A automobilística fabrica anualmente 70 milhões de
carros para 50 milhões de consumidores. Quem não tem
criatividade para conquistar o cliente está morto. Segundo,
é preciso saber como fazer, planejar e dedicar o maior tempo
possível ao negócio. Se quiser vencer, seja uma mãe para
sua empresa. Quem trabalha oito horas por dia nunca vai ficar
rico.
Esse
depoimento, direto e franco, de um mega empresário mundial,
não endossa o que alguns especialistas em desenvolvimento de
executivos e de negócios vêm afirmando sobre o comportamento
que é desejado pelos acionistas para os dirigentes das
empresas. Muitos analistas e diversas publicações
especializadas tem apregoado que os dirigentes têm à sua
disposição ferramentas e técnicas modernas, cuja
utilização evitam que desperdicem muito tempo com o seu
negócio e que devem adicionar mais qualidade a sua vida com
muito esporte e muito lazer. Parece, no entanto, que a teoria
nem sempre funciona na prática; o cenário econômico
brasileiro em especial não está permitindo nenhuma
ociosidade aos empresários e executivos que aqui atuam.
Especialmente,
quando se trata de empresários ou de executivos que ocupam os
mais altos escalões da organização, responsáveis diretos
pelo resultado do empreendimento. Até porque, o sucesso do
empreendedor não está atrelado apenas ao lado financeiro,
mas principalmente à realização de alguma coisa maior, mais
importante, que inclui responsabilidade política e social.
Ser empreendedor tem um custo que muitos não estão dispostos
a pagar.
Não
será preciso citar outros empreendedores nacionais, como
Amador Aguiar ou Antonio Ermírio de Moraes, do lado dos
empresários, ou executivos de grandes empresas como Renato
Furtado ou de pequenas como Alfredo Lário, o que todos
tiveram ou tem em comum é a falta de disponibilidade de seu
tempo para planejar a sua qualidade de vida com muito laser.
Atualmente,
o grande desafio dos dirigentes das organizações
empresariais é manter a sua organização competitiva, e para
isso é necessário estar sempre perseguindo ou se mantendo na
liderança dos negócios em seu seguimento de atividade. Os
produtos e os serviços têm se modificado com uma velocidade
impressionante, e a real vantagem competitiva das empresas
cada vez mais tem se voltado para a qualidade dos
colaboradores que possui: a produção do conhecimento é cada
vez maior e seu tempo de utilização cada vez mais curto.
O mega
empresário vaticina, com a autoridade que tem pelo sucesso
nos negócios, que "o funcionário ideal é o bem
preparado do ponto de vista do conhecimento, mas com as
qualidades de um operário: tem que ser companheiro,
persistente, tem de trabalhar duro. São poucas as pessoas que
conseguem reunir essas duas características".
E, ao
executivo de carreira, não basta ser apenas um bom
funcionário, precisa também estar no comando dos negócios e
das pessoas, como diz o guru da administração Peter Drucker:
" Um executivo desenvolve pessoas - Através da forma
como administramos, nós facilitamos ou dificultamos o
desenvolvimento das pessoas. Nós as dirigimos bem ou mal.
Nós despertamos ou sufocamos o que elas têm dentro. Nós
reforçamos ou corrompemos sua integridade. Nós as treinamos
para ficarem de pé e fortes, ou nós as deformamos... quer
tenhamos consciência disso ou não".
O
perfil descrito pelos dois "experts" é,
provavelmente, a meta de todos os profissionais que pretendem
uma carreira de sucesso e o sonho de toda corporação que
pretende manter-se competitiva e rentável. Porém, na
prática, encontrar esses profissionais com a preparação de
bons dirigentes de negócios, com o espírito e a consciência
empreendedora, está se tornando um desafio cada vez maior
para as corporações, como também, a cada dia torna-se menos
atraente para muitos indivíduos aceitarem o alto custo de
serem bons profissionais naquilo fazem e ainda assumirem o
encargo de dirigentes e empreendedores.
Edmir
Pacheco da Silva é Consultor Sênior da Edpeople Talentos
Humanos
Email: edmir.pacheco@edpeople.com.br
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